O Circo pegou fogo!

Ah, como eram bons os tempos de criança! Quando nos encontrávamos para brincar de pique-esconde, de ciranda, pega-bandeira, e tantas outras brincadeiras sadias. As músicas eram tão criativas, com bastante figuras de linguagens: hipérboles, metáforas, ironias...

Nesta primeira semana de agosto, pude relembrar uma cantiga de criança, devido a um acontecimento no país. A musiquinha dizia assim: “[...] O circo pegou fogo, o palhaço deu sinal; acode, acode, acode a bandeira nacional. Alô Brasil, quem se mexeu, saiu”.

É, não há música mais apropriada para o atual momento da política brasileira. Desde a descoberta do “mensalão”, o segmento tem ganhado mais espaço na mídia, nas discussões cotidianas entre as pessoas e nos programas humorísticos. Há tanto tempo a sociedade não se “divertia” desta forma. Mas o mensalão, assim como Botafogo (que me desculpem os muitos botafoguenses), não deu em nada: apenas serviu para aumentar as forças dos adversários!

Queria ter assinatura de uma TV fechada. Desde criança, sou apaixonado por futebol e demais esportes. Mas se tivesse, passaria meu tempo assistindo ao humor de um canal nobre: a TV Senado.

Em primeiro lugar, a linguagem dos parlamentares é impecável (ou não): “Vossa excelência deveras estar consciente da proficuidade demasiada das convergências políticas do país...”. Além disso, o companheirismo é algo primordial entre os mesmos, tal qual não se vê na sociedade, num grupo de amigos. Tomemos o caso do presidente do Senado, José Sarney, vulgo dono do Mar.

O ilustre senador maranhense – ops! amapaense – tem sofrido sérias denúncias e acusações de nepotismo e favorecimentos. Nunca andara tão triste e cabisbaixo como agora. Como alguém poderia fazer isso com um político tão eficaz e trabalhador, que durante anos ajudou o Maranhão a se tornar este maravilhoso estado?!

Pedro Simon (PMDB-RS) foi à tribuna pedir que Sarney deixasse o cargo de presidente, após surgirem as denúncias dos atos secretos do presidente da Casa. Dois “heróis” nacionais não aceitaram tais acusações contra o bom velhinho nascido no Maranhão, senador de Amapá e residente em Brasília. Primeiro, foi Renan Calheiros, ex-presidente do Senado, acusado de irregularidades durante o exercício na presidência.

Depois, foi a vez de Fernando Collor de Melo. Isto mesmo, nosso primeiro presidente após o fim da ditadura militar! O primeiro presidente, também, a sofrer impeachment, em 1992. Agora, não tão jovem ou bonito como dantes, mas com mais intrepidez e ousadia. “Engula suas palavras... Digira-as...”, estas frases estão marcadas na história do Brasil.

Renan ainda voltou a discutir com Tasso Jereissati, num bate boca fantástico: “Não aponte esse dedo sujo para cima de mim”, disse Tasso. “O dedo sujo infelizmente é o de Vossa Excelência. O dedo dos jatinhos que o Senado pagou”, rebateu Calheiros. “Pelo menos, era com meu dinheiro. O jato é meu. Não é o que o senhor anda, o de seus empreiteiros”, respondeu Tasso.

Renan fala algo fora do microfone, deixando Tasso furioso: “Eu coronel? Cangaceiro, cangaceiro de terceira categoria!”. “Você não é coronel de nada. Me respeite. Você é minoria com complexo de maioria. Me respeite”, Calheiros, finalizando sua participação.

Pois é, se preparem que ainda tem muito mais neste fantástico mundo circense, chamado Congresso Nacional. A qualquer momento, voltaremos com mais humor para você... ou não!

Por Eduardo Rimador Oliveira

2 comentários por segundo:

Carolina disse...

isso é uma palhaçada [/comentário de fila de banco]

Chris Limão disse...

belo texto!!!

disse o moço de trás da fila: é, tá calor hoje!